A plataforma Blackfied é lançada nesta sexta-feira (21) para, a partir do uso da tecnologia, combater a falta de representatividade negra em campanhas publicitárias brasileiras. O lançamento marca o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial.A ferramenta utiliza IA para analisar imagens e textos, filmes, roteiros e plano de mídia, visando auxiliar marcas a criarem campanhas que deem a visibilidade adequada para pessoas negras, conforme a região do país onde a campanha será veiculada.Ao cruzar os dados de cada peça e do plano de mídia com os dados demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outras ferramentas, determina-se o percentual ideal de representatividade negra, considerando a região de veiculação. A Blackfied gera relatórios personalizados para as marcas, apontando os problemas de contexto, o índice de visibilidade e as sugestões para adequar a porcentagem das pessoas negras em suas campanhas.“A falta de visibilidade de pessoas negras na área de audiovisual, em especial na publicidade brasileira, é um problema histórico que precisa ser combatido. Com a Blackfied, oferecemos às marcas uma ferramenta poderosa para que elas possam criar campanhas mais fiéis à realidade do país, que reflitam toda a potência da diversidade do Brasil”, afirma Maurício Pestana, CEO da Raça Comunicações, ecossistema de comunicação com soluções para combater a invisibilidade de pessoas negras.A ferramenta foi idealizada pela Raça Comunicações em parceria com a LePub São Paulo. Para divulgá-la, foi criada uma estratégia digital que inclui filme, conteúdo e influência, além de anúncios e mídia out-of-home geolocalizada em frente às principais agências de publicidade e grandes empresas do Brasil.O projeto tem como objetivo principal realizar um estudo retrospectivo dos últimos 30 anos da publicidade no Brasil, focando na presença ou ausência de pessoas negras nas campanhas. Em entrevista à CNN, Pestana ressalta que, embora tenha havido um aumento na representatividade nos últimos anos, especialmente após eventos como o caso George Floyd, os números ainda são “extremamente assustadores” quando analisados em um período mais longo.Segundo o CEO, a ferramenta pretende não apenas quantificar a presença negra na publicidade, mas também servir como base para diálogos com marcas e emissoras. O objetivo é promover uma reflexão sobre o passado e impulsionar mudanças significativas para o futuro.Pestana enfatiza a importância de ações afirmativas contínuas, citando o exemplo dos Estados Unidos, onde décadas de políticas inclusivas resultaram em uma representatividade mais expressiva, apesar da população negra corresponder a apenas 13% do total.“Nós nem podemos nos dar o luxo [de afirmar que a representatividade racial é ampla no Brasil] por dois motivos. Primeiro, que a gente nem começou a fazer isso [políticas afirmativas contínuas] aqui no Brasil. E segundo que nós somos 56% da população, e é uma vergonha a questão racial aqui. Nós não temos negros e negras em vários espaços”, afirmou Pestana, destacando a urgência de mudanças no cenário.A ferramenta terá atualizações frequentes e está na fase alpha, sendo testada por pessoas negras, visando o aperfeiçoamento do algoritmo, e terá o acesso liberado para as marcas em abril.Veja também: “Devemos exigir ações afirmativas de raça e gênero em todos os setores”*Publicado por Pedro Jordão, editor da CNN em São Paulo
IA é criada para combater a invisibilidade de pessoas negras; conheça
7
postagem anterior