O Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, visitará a Rússia esta semana, antes de uma segunda rodada de negociações planejada entre Teerã e Washington, visando resolver o impasse nuclear de décadas do Irã com o Ocidente.
Araqchi e o enviado do presidente americano Donald Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, conversaram em Omã no sábado (12), durante as quais o enviado omanense Badr al-Busaidi se deslocou entre as duas delegações, que estavam em salas diferentes em seu palácio em Mascate.
Ambos os lados descreveram as negociações em Omã como “positivas”, embora uma alta autoridade iraniana tenha dito à Reuters que a reunião “visava apenas definir os termos de possíveis negociações futuras”.
A Itália teria concordado em sediar a segunda rodada de negociações, mas uma fonte próxima ao governo iraniano relatou à Reuters que, embora os EUA queiram se reunir em Roma, o Irã prefere Genebra.
Teerã abordou as negociações com cautela, duvidando da probabilidade de um acordo e desconfiando de Trump, que ameaçou bombardear o Irã se não houver acordo.
Washington pretende interromper o trabalho delicado de enriquecimento de urânio de Teerã – considerado pelos Estados Unidos, Israel e potências europeias como um caminho para armas nucleares.
O Irã afirma que o programa nuclear se destina exclusivamente para a produção de energia civil.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmaeil Baghaei, falou que Araqchi “discutirá os últimos desenvolvimentos relacionados às negociações de Mascate” com autoridades russas.
Moscou, parte do pacto nuclear iraniano de 2015, apoiou o direito de Teerã de ter um programa nuclear civil.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que tem a palavra final em questões vitais de Estado, desconfia dos EUA, e do presidente americano em particular.
Mas Khamenei foi forçado a se envolver com Washington na busca por um acordo nuclear devido ao receio de que a indignação pública interna com as dificuldades econômicas pudesse se transformar em protestos em massa e colocar em risco a existência do estabelecimento clerical, disseram quatro autoridades iranianas à Reuters em março.
As preocupações de Teerã foram agravadas pela rápida retomada da campanha de “pressão máxima” por Trump, quando retornou à Casa Branca em janeiro.
Durante o primeiro mandato, Donald Trump abandonou o pacto nuclear de Teerã de 2015 com seis potências mundiais em 2018 e reimpôs sanções severas à República Islâmica.
Desde 2019, o Irã ultrapassou muito os limites do acordo de 2015 para enriquecimento de urânio, produzindo estoques com alto nível de pureza físsil, bem acima do que as potências ocidentais consideram justificável para um programa de energia civil e próximo ao necessário para ogivas nucleares.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alertou sobre o crescente estoque iraniano de urânio enriquecido a 60% e não relatou nenhum progresso real na resolução de problemas de longa data, incluindo a presença inexplicável de traços de urânio em locais não declarados.
O chefe da AIEA, Rafael Grossi, visitará Teerã na quarta-feira (16), informou a mídia iraniana, em uma tentativa de reduzir as diferenças entre Teerã e a agência em relação a questões não resolvidas.
“O engajamento e a cooperação contínuos com a agência são essenciais em um momento em que soluções diplomáticas são urgentemente necessárias”, disse Grossi na rede social X nesta segunda-feira (14).
Timely to welcome Iran’s Ambassador Reza Najafi to @IAEAorg for the presentation of his credentials, ahead of my travel to Tehran 🇮🇷 later this week. Continued engagement and cooperation with the Agency is essential at a time when diplomatic solutions are urgently needed. pic.twitter.com/2I5lIfITHd
— Rafael MarianoGrossi (@rafaelmgrossi) April 14, 2025