O Vaticano anunciou oficialmente o falecimento do Papa Francisco, aos 88 anos, nesta segunda-feira (21). O anúncio foi feito pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo do Vaticano.
Após o óbito ser confirmado pelos médicos, o cardeal camerlengo da Igreja, que é uma espécie de “assistente” do papa, é o primeiro a ser notificado para iniciar todos os ritos que terminam com a eleição de um novo chefe da Igreja Católica — processo conhecido como conclave.
Segundo o comunicado oficial, o Papa Francisco faleceu às 7h35 da manhã. O cardeal Farrell declarou: “Com profunda dor, devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francesco. O Bispo de Roma Francesco voltou à casa do Pai”.
O cardeal camerlengo é o primeiro a saber da morte do papa e deve comunicá-la ao Decano do Colégio dos Cardeais e este informa a todo o grupo. A morte também é comunicada ao chefe da Diocese de Roma, que dá a notícia ao público.
Esse sistema está explicado numa espécie de constituição da Igreja, chamada de Universi Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II na década de 1990. A confirmação da morte também acontece pelo setor de comunicação do Vaticano.
Primeiro, o camerlengo é chamado para o local onde está o corpo e dá três marteladas na testa do pontífice morto enquanto fala o nome de batismo dele, no caso, Jorge Mario Bergoglio, também por três vezes. Não havendo resposta, o óbito é declarado pelo próprio camerlengo.
A partir de então, começa uma nova fase de ritos.
O apartamento e o escritório papais são lacrados. O objetivo é garantir que nada seja removido ou alterado nesses espaços até que um novo papa seja eleito e possa tomar posse.
O anel do papa é destruído pelo camerlengo, na presença de outros cardeais, um ato que simboliza o fim da autoridade do falecido papa.

Revelar a notícia ao mundo também é uma função que, mais uma vez, é de responsabilidade do cardeal camerlengo.
Segundo as regras da Igreja, o primeiro a ser notificado é o vigário de Roma, depois o decano do colégio dos cardeais e em seguida os embaixadores da Santa Sé, para transmitir a notícia aos chefes de Estado com quem a Santa Sé tem relações diplomáticas.
Só depois é feito o anúncio público, por meio de um comunicado da Santa Sé e de uma proclamação pública na Praça de São Pedro.
É a partir deste momento que começa a chamada sede vacante, o período em que não há um papa na Igreja Católica. Durante esta fase, cabe ao cardeal camerlengo administrar a Sé Apostólica, a sede da Igreja de Roma.
Durante a Sede Vacante, o camerlengo é o responsável por gerenciar os bens da Igreja e se torna, interinamente, o administrador de imóveis de posse do Vaticano, como o Palácio Apostólico, a residência oficial do pontífice, o Palácio de Latrão, antiga residência papal, e o Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, a casa de verão do papa. Este último local é muito explorado no filme “Dois Papas”, do diretor brasileiro, Fernando Meirelles.
Garantir o andamento tranquilo e seguro do conclave também é uma atribuição do camerlengo. O processo de escolha do novo chefe da Igreja Católica é extremamente sigiloso.
Os cardeais se reúnem na Capela Sistina a portas fechadas e nada do que acontece ali dentro pode ser revelado, sobretudo a votação. Uma revista prévia supervisionada pelo camerlengo é feita no local para assegurar que não existam dispositivos de gravação de áudio ou vídeo.
Por fim, por pertencer ao Colégio de Cardeais, o camerlengo também tem direito a um novo na escolha do novo papa durante o conclave.
É importante reforçar que estas funções são exercidas em nome e com o consenso do Colégio dos Cardeais. O camerlengo atua como um administrador e supervisor, garantindo que a transição para um novo pontificado ocorra de forma organizada e de acordo com as normas estabelecidas.
Com informações da CNN.