O papa Francisco, primeiro latino americano a comandar a Igreja Católica, morreu nesta segunda-feira (21). O sumo pontíficie esteve à frete da Santa Sé por 12 anos.
Bento XVI, seu antecessor, foi o primeiro papa em quase 600 anos a renunciar do cargo por questões de saúde. Francisco foi eleito na quinta rodada de votação do conclave em 13 de março de 2013.
Francisco nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, capital da Argentina, com nome de batismo Jorge Mario Bergoglio.
Filho de imigrantes do norte da Itália, da região de Piemonte, Jorge era o mais velho entre os cinco irmãos. Seu pai, Mario Giuseppe Bergoglio Vasallo, era ferroviário; a mãe, Regina Maria Sivori Gogna, dona de casa.
Sua infância foi simples, sendo criado no bairro de Flores, onde é sediado o clube San Lorenzo, time de futebol do qual o papa era torcedor.

Bergoglio formou-se técnico em química pela Escuela Técnica Industrial N° 27 Hipólito Yrigoyen. Em seguida, ingressou no seminário diocesano de Villa Devoto. Em 1958, entrou no noviciado da Companhia de Jesus.
O argentino ainda passou um período estudando no Chile, voltando a seu país para completar a licenciatura em filosofia no colégio de São José em San Miguel em 1963. Entre 64 e 65 foi professor de literatura e psicologia no colégio da Imaculada de Santa Fé.
Bergoglio foi ordenado padre em 13 de dezembro de 1969.

A Companhia de Jesus foi fundada em 1540 pelo espanhol Inácio de Loyola. Hoje, os jesuítas estão em 112 nações e em seis continentes, atuando na educação (fundando escolas, faculdades, universidades e seminários), na pesquisa intelectual e em atividades culturais. Francisco foi o primeiro papa da ordem.
De 1973 a 1979, Bergoglio serviu como provincial dos jesuítas da Argentina. Em 1980 assumiu a reitoria da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, atuando no cargo até 1986.
Em seu serviço como padre, Bergoglio atuou próximo dos mais pobres e vulneráveis. Se destacou na Argentina e em 1998 sucedeu o cardeal Antonio Quarracino como arcebispo de Buenos Aires.
Em 21 de fevereiro de 2001, Bergoglio foi ordenado cardeal pelo papa João Paulo II.
Manteve-se um homem simples, e mesmo cardeal continuava a utilizar o transporte público.


Entre 2005 e 2011, Bergoglio atuou como presidente da Conferência Episcopal da Argentina.
O papa foi o primeiro a escolher o nome de São Francisco de Assis para simbolizar seu papado. O santo ficou conhecido por sua simplicidade, cuidado com os animais e, sobretudo, pela atenção aos mais pobres e vulneráveis.
Mesmo na chefia da Santa Sé, o papa seguiu buscando manter uma vida simples, optando por utilizar, por exemplos, um crucifixo e um anel de prata invés dos feitos de ouro.

À frente da Santa Sé, Francisco conduziu reformas e um processo de abertura da Igreja Católica para ideais mais progressistas.

Francisco buscou fortalecer a presença de mulheres em postos mais elevados da hierarquia da Igreja Católica. Pregou a diversidade e aprovou que padres abençoassem casais homosexuais e seus filhos. Não aprovava, contudo, a oficialização do santo matrimônio — o casamento — para pessoas do mesmo sexo.
O papa advogou pela paz — tendo repetidamente pedido pelo fim das guerras em Gaza, na Ucrânia e buscando jogar luz sobre conflitos pela África — e pela dignidade social, criticando modelos econômicos que promovessem a desigualdade. Frequentemente utilizava das orações do Angelus para falar sobre tais assuntos.

Nas meditações que escreveu para serem lidas na última sexta-feira (18), na Via Sacra, no Coliseu de Roma, o papa Francisco criticou “a economia que mata”.
E em sua última aparição pública, o pontífice disse que a situação em Gaza era “dramática e deplorável”. O papa também pediu ao grupo militante palestino Hamas que libertasse os reféns restantes e condenou o que chamou de uma tendência “preocupante” de antissemitismo no mundo.
“Expresso minha proximidade aos sofrimentos… de todo o povo israelense e do povo palestino”, dizia a mensagem.

Nos últimos anos, o papa também usou uma cadeira de rodas devido a dores no joelho e nas costas. Durante a internação, ele continuou com fisioterapia para ajudar na mobilidade.
Já no começo do ano, o pontífice argentino passou por episódios de dificuldades respiratórias. Ele ficou internado por quase 40 dias no Hospital Gemelli e recebeu alta no dia 23 de março. Em seguida, o papa recebeu um diagnóstico de pneumonia nos dois pulmões, uma condição que pode inflamar e cicatrizar os órgãos, dificultando a respiração.
O Vaticano descreveu a infecção do papa como “complexa” e explicou que foi causada por dois ou mais microrganismos.

Enquanto esteve no hospital, o pontífice apresentou diferentes quadros de saúde, tendo pioras seguidas de melhoras.
Durante a internação, Francisco sofreu uma “crise respiratória prolongada semelhante à asma” e precisou de transfusões de sangue em decorrência de uma baixa contagem de plaquetas, associada à anemia.
Francisco faleceu às 7h35 da manhã (horário local). A morte do papa foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo do Vaticano.